Por salários e direitos <br>há greves nas empresas

REIVINDICAÇÃO Nos últimos dias, recorreram à greve trabalhadores das Lousas de Valongo, da Bimbo, da Montebelo e da Randstad. Também por aumentos salariais, ontem iria paralisar o pessoal da Eurest.

A unidade e a luta dos trabalhadores acabam por dar frutos

Na Empresa das Lousas de Valongo, que há mais de 150 anos explora a extracção de ardósia naquele concelho do distrito do Porto, os trabalhadores fizeram greve, no dia 14, quarta-feira, por uma hora, e têm paralisações semelhantes marcadas para amanhã e dia 30, para reivindicarem aumentos salariais de 50 euros, uniformização do valor do subsídio de alimentação (seis euros para todos), reclassificação profissional e resolução de alguns problemas relacionados com Segurança e Saúde no Trabalho.
A luta, organizada pelo Sindicato da Construção, Cerâmica, Cimentos, Madeiras, Mármores e Pedreiras de Viana do Castelo e do Norte, foi aprovada por unanimidade, em plenários realizados no dia 6, depois de a administração ter recusado negociar.
José Martins, dirigente do sindicato da CGTP-IN, estimou uma adesão média de 60 por cento, mais elevada na produção.

A fábrica da Bimbo, em Albergaria-a-Velha (a única, em Portugal, da multinacional mexicana que possui em Espanha mais seis) esteve parada no dia 13, devido à adesão quase total dos trabalhadores da produção e da logística a uma greve de 24 horas.
«Isto quer dizer que há um descontentamento muito grande», comentou um dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação do Norte. José Lapa, citado pela agência Lusa, notou que esta foi a segunda greve naquela unidade industrial, em dois meses, mantendo-se em vigor, até ao fim do ano, uma greve às horas extraordinárias.
Os protestos são suscitados, em especial, por uma alteração dos horários de trabalho, em Abril, que significou o fim do direito a folga fixa ao sábado, sem qualquer compensação. A greve visou também reclamar aumentos salariais e contestar a tentativa patronal de colocar a fábrica em laboração contínua.

No dia 16, sexta-feira, estiveram em greve os trabalhadores das cinco unidades hoteleiras dos Empreendimentos Turísticos Montebelo, de Viseu, com uma adesão de cerca de 50 por cento, como referiu à Lusa um dirigente do Sindicato da Hotelaria do Centro. Afonso Figueiredo explicou que é exigida a reposição de direitos retirados, com perda de rendimentos. Como o sindicato da Fesaht/CGTP-IN tinha referido, numa nota de imprensa a confirmar a realização da greve, estão em causa medidas como o congelamento das carreiras, a eliminação de três dias de férias por majoração, o congelamento das diuturnidades, o não pagamento como feriado da terça-feira de Carnaval, a redução da retribuição nas férias.
Durante a manhã, alguns dos trabalhadores em greve concentraram-se junto do Hotel Montebelo Viseu Congress, afirmando a determinação de prosseguir a luta, caso não se altere a posição patronal.

No dia 13, a greve dos trabalhadores da Randstad teve um nível de adesão que rondou os 95 por cento, entre os que prestam serviço serviço para a EDP, na área de Lisboa, destacou uma dirigente do SIESI, citada no site AbrilAbril. Anabela Silva referiu que teve forte adesão a greve do pessoal daquela prestadora de serviços, a trabalhar para várias empresas das áreas da energia, telecomunicações e outros.
Como objectivos desta luta, o sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN apontou:

a negociação efectiva de aumentos dos salários e do subsídio de refeição e de outras reivindicações, relativas a carreiras profissionais, discriminações e outras, entre elas a garantia do gozo dos feriados de Carnaval e municipal;
o fim da instabilidade e da estratégia de recurso a «prestação de serviços», por parte de empresas como a EDP, Vodafone, PT/MEO, NOS, Nestlé ou L'Oreal, para aumentarem os seus lucros de milhões de euros, por via da precarização das condições de trabalho de trabalhadores com um papel imprescindível às actividades e ao cumprimento das obrigações das empresas contratantes.
Em Seia, no centro de contacto da EDP, foram realizados plenários de manhã e de tarde e, devido à participação dos trabalhadores, ocorreram interferências no serviço, disse ainda a dirigente.
 

Eurest e Pizza Hut

Nas cantinas, refeitórios, áreas de serviço e bares concessionados à Eurest, os sindicatos da Hotelaria convocaram para ontem uma greve, por aumentos salariais, na defesa dos direitos e pela negociação do contrato colectivo de trabalho. Depois da greve de 15 de Maio, no sector da alimentação colectiva, apenas a Eurest não actualizou os salários dos trabalhadores, persistindo em pagar os valores que vigoram desde 2010.
Os aumentos decididos pelas empresas são muito baixos e estas exigem ainda, em troca, eliminar importantes direitos dos trabalhadores. Mas os sindicatos da Fesaht/CGTP-IN não se opuseram à aplicação dessa actualização e continuaram as negociações, para obter melhores aumentos salariais e garantir os direitos, como se explica numa nota do Sindicato da Hotelaria do Centro. É ainda mais greve a situação das trabalhadoras contratadas das escolas, onde o contrato da Eurest está a terminar, pois esta já declarou que vai sair sem pagar aumentos nem retroactivos.

Para colocar à Ibersol os problemas dos distribuidores da Pizza Hut, o Sindicato da Hotelaria do Norte decidiu solicitar uma reunião urgente com a administração do maior grupo de restauração do País, mas admitiu já que, caso a Ibersol recuse o diálogo e a negociação, convocará uma greve e uma concentração à porta da sede desta.
A decisão foi divulgada após uma reunião de distribuidores, na madrugada da 9 para 10 de Junho, na sede do sindicato no Porto.
Para reduzir a retribuição aos trabalhadores, a empresa está a tentar impor que deixem de usar motos próprias. Mas também é contestado o modelo de capacete, que levanta problemas de saúde e segurança.

 



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